TRANSIÇÃO DE CARREIRA: eu me permiti ser feliz

Meu nome é Roberta Telles, tenho 29 anos e hoje estou aqui para contar um pouquinho para vocês sobre a minha trajetória profissional. Atualmente, estou em transição de carreira, me formei em 2016, em Direito pela PUCRS, e hoje estou no 5º semestre de Psicologia, também aqui na PUCRS.

ENSINO MÉDIO: A PRESSÃO SOB A ESCOLHA

Voltando um pouquinho para o início da minha trajetória, para vocês entenderem todos os desdobramentos que aconteceram comigo, em 2010 me formei no Ensino Médio e, ainda quando estava no terceiro ano, tinha dúvidas de qual curso queria fazer (imagino que vocês possam estar em uma situação bem parecida com a que eu estava naquele momento).

Eu tinha dois cursos que me interessavam muito: o Direito e a Psicologia. Na época em que tomei a decisão, achei que o curso que mais me traria segurança e estabilidade financeira (que era o que na época me importava) seria o Direito, então internamente pensava: “Vou me formar em direito, passar em um concurso e depois, de repente, eu curso psicologia” (Como se fosse algo mágico e simples assim).

Hoje em dia, consigo visualizar que essa escolha teve mais influência da minha família (do que eles desejavam e achavam certo para o meu futuro) do que da minha própria vontade, primeiro porque muitas pessoas da minha família cursaram direito e atuam na área e, segundo, porque várias outras são concursadas, algo que na época eu desejava muito.

Esse desejo (de ser concursada) existia desde quando eu era criança, porque a minha mãe, que é servidora pública, vivia me dizendo sobre as vantagens de prestar um concurso público, que seria uma decisão acertada, que eu teria estabilidade e segurança financeira.

UNIVERSIDADE: AÍ VAMOS NÓS

Comecei o curso de Direito em 2011 e fui deixando a vida me levar. Gostava das aulas, achava as matérias interessantes, adorava o ambiente acolhedor do campus, mas hoje consigo entender que não era apaixonada pelo curso, mas sim pelas coisas que ele poderia me proporcionar. Fiz dois estágios durante a faculdade, que foram muito importantes na minha trajetória pessoal e profissional, em que pude aprender, amadurecer e me desenvolver, com lições para toda a vida. Antes de me formar, já tinha passado na prova da OAB e, assim que terminei o curso, comecei a estudar para concurso.

Então, depois de formada, foram três anos estudando para concurso, mas o que eu não sabia e o que a minha mãe tinha esquecido de me dizer é que estudar para concurso público é praticamente uma profissão. Para conseguir a tão sonhada vaga são inúmeras abdicações a serem feitas, momentos de muita incerteza, insegurança e pouquíssimas ou nenhuma vaga no cargo desejado. E assim foi durante os três anos, todos esses sentimentos dentro de mim, acordando todos os dias e estudando oito horas cronometradas no relógio, computando pausas, almoços e idas ao banheiro. Foi uma jornada tão intensa e extenuante que logo a conta veio no meu corpo: dores de cabeça, perda de cabelo e muita ansiedade.
Nesse momento a minha psicóloga teve extrema importância na minha vida, para me ajudar a entender que talvez eu não estivesse no lugar que desejava, que talvez o concurso público tivesse perdido o sentido que tinha para mim. Esse processo de tomada de consciência foi longo e doloroso, mas foi necessário.

PERCURSOS PODEM MUDAR A TODO MOMENTO

Em uma quarta à noite, em 14 de outubro de 2020, auge da pandemia, eu tomei uma decisão, de algo que já vinha sendo elaborado e ao mesmo tempo anunciado há muito tempo pelo meu corpo: eu estava remando na direção contrária a todos os meus princípios e valores. Foi nesse dia que me dei conta de que jamais seria feliz caso passasse no concurso dos sonhos, pois não iria me sentir realizada exercendo tal função. Foi nesse dia que eu decidi que não estudaria mais para concursos. Foi nesse dia também que eu decidi que ia parar de olhar para fora, para o que os outros achavam que seria melhor ou aprovavam e pretendiam para mim, e iria olhar para dentro, para o que realmente pulsava e fazia sentido em mim. Foi nesse dia que eu resolvi que seria protagonista da minha carreira.

A partir desse dia eu nunca mais estudei para concurso e comecei, junto com a minha psicóloga, a trabalhar quais seriam as possibilidades para o futuro. Desde o primeiro minuto que pensei em parar de estudar para concurso eu já sabia que queria cursar psicologia, mas tinham duas coisas que me travavam: o valor da faculdade e a minha idade. Tinha 26 anos na época, e me achava “velha” para recomeçar. Pensava que tinha tantos planos para quando eu estivesse com 30 anos, mas nenhum deles era estar novamente em uma faculdade.

Mas daí parei, pensei, refleti e me questionei: será que era isso mesmo que ia travar um desejo? O que eu previ ou o que a sociedade tinha previsto para mim? Não dessa vez. Engoli exatamente todos os medos, julgamentos, peguei um pouco de coragem e fui conversar com meus pais. A sensação que eu tive, após a conversa, foi de 100 toneladas a menos nas costas. Eles simplesmente falaram: “Se esse é o teu sonho e é isso que vai te fazer feliz, te apoiamos e te ajudamos”. No dia seguinte eu fiz a inscrição na PUCRS.

Em março de 2021, comecei a cursar psicologia e, desde então, me sinto realizada a cada dia. Agradeço sempre por ter a possibilidade de fazer um segundo curso em uma universidade tão qualificada como a PUCRS e me esforço diariamente para cumprir com o que me move e pulsa. Atualmente estou no 5º semestre da faculdade e ainda mais realizada por estar fazendo estágio no PUCRS CARREIRAS e ter a possibilidade de aprender e me desenvolver com grandes profissionais.

Então, pessoal, esse é um brevíssimo relato da minha história. Espero que eu possa ter ajudado alguém aqui que, de repente, estava com as mesmas dúvidas que eu estava e, caso não tenha ninguém com essas mesmas dúvidas, que vocês possam entender, a partir da minha história, que nunca é tarde para recomeçar quando se trata de propósito de vida, que nunca é tarde para ser feliz, que nunca é tarde para tentar outra vez, ainda mais nos dias de hoje, em que, cada vez mais, a carreira não é algo linear como era antigamente. Podemos nos reinventar inúmeras vezes na vida, não somos obrigados a cumprir somente um papel. O que importa, na minha opinião, é que faça sentido.

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