O pior chefe do mundo e o protagonismo de carreira

Por: Andrêus Sousa – Gestão de Carreiras –

Em um texto em seu blog Seth Godin nos fala que o pior chefe do mundo somos nós mesmos. Comenta que somos os responsáveis por gerenciar nosso tempo, nossos estudos, nossas atividades, por vender nossos serviços, entre outras coisas – e segundo ele estamos fazendo um péssimo trabalho nisso. Nesse texto ele atenta sobre a importância de se auto gerenciar, e eu gosto de pensar que uma forma de escapar dessa posição de “chefe ruim” é através do protagonismo de carreira.

Para falarmos de protagonismo de carreira precisamos falar sobre o que é ser protagonista. Segundo o dicionário protagonista é aquele que “se destaca mais do que os outros em determinada atividade” ou “aquele que detêm o papel principal”. Pensando nessa segunda definição, você deve estar se perguntando:

“tá, mas tem como alguma outra pessoa ter o papel principal na minha própria carreira além de mim?” E a resposta é: sim.

E isso acontece porque desde que nascemos estamos inserimos em instituições (família, escola, universidade, etc.), e muitas vezes essas estruturas tomam as decisões por nós, sobre o que devemos fazer e como devemos agir e para onde devemos ir. Lembra quando a escola determinava que para ser um bom aluno era necessário passar em todas as matérias, estudar para as provas, etc.? Esse é um exemplo de quando uma instituição determina padrões para serem seguidos.

Entretanto, alguma vez enquanto estava na escola você se perguntou sobre o que era para você ser um bom aluno? E quais critérios você usava? Eles eram diferentes do da escola? Ou será alguma vez se perguntou sobre o que você gostaria de alcançar através do estudo de determinada matéria ou até mesmo de estudar em determinada escola? Talvez para alguns essas respostas venham com facilidade, e para outros talvez essas perguntas sejam totalmente novas. Dentro disso a escola serve apenas como exemplo, pois o ambiente acadêmico e as organizações reproduzem esse funcionamento de determinar uma estrutura a ser seguida e comportamentos ideais e inadequados.

Mas o que essas estruturas têm a ver com ser um péssimo chefe de si mesmo e com o protagonismo? O que acontece é que por termos passado a nossa vida dentro dessas estruturas, podemos esquecer de que o controle de nossas ações, comportamentos e também de para onde estamos indo está nas nossas próprias mãos. E é essa a diferença entre alguém que é protagonista da própria carreira e alguém que não é: onde está esse controle.

 

Walter White: Quem está no controle? Eu.
É assim que eu vivo a minha vida.

Quando temos um papel de coadjuvante deixamos as estruturas, o contexto em que estamos e por vezes até outras pessoas tomarem as decisões por nós, sobre o que devemos fazer, ou o que devemos buscar profissionalmente, quais cargos devemos desejar, entre outros, adotando uma postura de “deixa a vida me levar”. Já uma pessoa que atua como protagonista de sua carreira tem essas decisões em suas próprias mãos e através de seus próprios critérios – pois ela percebe a responsabilidade que tem perante a sua carreira/vida e decide por si qual é o seu norte e quais são os seus objetivos, e, além disso, busca construir ativamente o caminho para alcança-los.

E dentro da construção dessa bússola e “norte” pessoal algumas coisas são essenciais, como o autoconhecimento, a exploração e conhecimento de mercados e possibilidades profissionais e a construção de um planejamento – com objetivos para serem alcançados e estratégias para alcançar esses objetivos. Com essas estratégias preparadas, entra outro aspecto do protagonismo de carreira, que é focar sua energia somente nos fatores que se têm influência, ou seja, não gastar sua energia com coisas que não estão sob o seu controle, evitando perder seu foco e tempo.

Assumir uma postura de protagonismo não é algo fácil, mas é essencial para enfrentar o mercado de trabalho atual, em que as estruturas e o padrão de estabilidade têm perdido espaço para inovações e mudanças – e nesse novo mercado, não ter as rédeas da própria carreira é um risco.

 

Diane: Você está numa boa posição agora, porque você pode fazer o que quiser.
Você é responsável por sua própria felicidade, sabe?
BoJack: Senhor, isso é depressivo.
Diane: Não, não é.
BoJack: Eu sou responsável pela minha felicidade?
Eu não sou responsável nem pelo meu café da manhã.

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