Por: Daniela Boucinha – Gestão de Carreira –
Hoje se percebe uma preocupação maior dos profissionais em relação à gestão de suas carreiras. Da mesma forma, passou a se falar mais da necessidade de proporcionar diálogos sobre carreiras dentro das organizações. Tudo isso porque, historicamente, o mercado foi exigindo essa nova postura.
O conceito de gestão de carreira surgiu inicialmente marcado pela premissa de que as organizações que deveriam se preocupar com o gerenciamento das carreiras de seus trabalhadores. Visto que a progressão era linear e a estabilidade era a palavra de ordem, o “emprego para a vida toda” era considerado como esperado e como a medida do sucesso, assim como a evolução profissional bastante previsível. Com a mudança de cenário econômico, a instabilidade e a redução dos postos de trabalho, a competitividade entre os profissionais passou a ser mais alta e a exigir uma preocupação maior com o desenvolvimento de carreira. A flexibilidade e constante adaptação para lidar com as mudanças impostas passaram a ser competências essenciais do profissional contemporâneo, que precisa desenvolver maior diversificação nas suas formas de atuação. Aqui, temos uma grande mudança de paradigma, em que a gestão da carreira passa a ser de reponsabilidade do profissional e não mais da organização. Gerenciar a carreira significa assumir protagonismo, refletir e explorar constantemente, a fim de tomar decisões adequadas relacionadas à vida profissional.
Atualmente, com o emprego cada vez mais inconstante, os profissionais precisam assumir o que chamamos de agência pessoal na construção de sua carreira. Significa o indivíduo se engajar de fato a tudo que se relaciona ao trabalho, de maneira a investir na carreira a partir das experiências passadas e possibilidades futuras. Nesse sentido, cabe ao profissional pensar o que faz mais sentido na construção de sua trajetória. Quais serão as qualificações e experiências necessárias para o seu projeto profissional e o que está mais alinhado ao seu propósito, valores e crenças. Mais ainda, pensar naquilo que esteja em maior alinhamento ao seu momento de vida pessoal, proporcionando equilíbrio entre as esferas. Hoje já não faz mais sentido separar aquilo que é de vida pessoal e profissional, pois entendemos a carreira como um único desenho, de uma junção de tudo isso.
Essa mudança na forma de pensar e gerir as carreiras exige também uma nova postura das organizações e líderes. O aumento da imprevisibilidade no mundo corporativo fez com que o plano de carreira dentro das organizações se tornasse mais indefinido. Surge a necessidade de proporcionar conversas sobre carreira e futuro. O interesse genuíno do líder pela carreira dos indivíduos de sua equipe e a possibilidade de dialogar sobre projeções faz com que uma conexão mais estreita entre empresa e colaborador se forme. Compreender o desenho de vida do colaborador, que engloba o desenho de trabalho, se torna fundamental para conversar sobre carreira. Conhecer os valores, motivações, crenças – ou seja, conhecer a história desse profissional é tão importante, ou mais, quanto avaliar a sua performance e o seu desempenho. Os líderes que não conhecem o desenho de vida das pessoas da sua equipe, dificilmente conseguirão dialogar sobre carreira, possibilidades e futuro.
Sendo assim, a gestão da carreira na atualidade surge como uma necessidade importante de protagonismo por parte dos indivíduos, que buscam trajetórias profissionais que façam sentido. A reflexão e planejamento de carreira são aspectos de responsabilidade dos trabalhadores contemporâneos, que devem envolver constante exploração, curiosidade e networking. Esses poderão ser pontos decisivos para a permanência em um mercado de trabalho inconstante. Do outro lado, fica o alerta para que as organizações e líderes possam proporcionar mais espaços de diálogos e trocas a respeito do tema da carreira, de maneira a gerar maior vinculação e engajamento do profissional com a empresa.
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